sábado, 9 de julho de 2011

VIDA E OBRA: RAY COLLARES

Nome: Raymundo Felicíssimo Colares
Pai: Felicíssimo Ferreira Colares
Mãe: Joana Natalina Colares (Dona Joaninha)
Naturalidade: Grão Mogol – MG
Nascimento: 25 de abril de 1944

Raymundo Colares, com sete anos, passou a residir em Montes Claros, onde fez o curso primário no Colégio Imaculada Conceição. Pensando ter  vocação para ser padre, estudou dois anos no Seminário Diocesano Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, entre 1955 e 1956. Vendo que não era essa a sua verdadeira vocação, deixou o Seminário e foi cursar o ginasial no Colégio Estadual Plínio Ribeiro, onde permaneceu até a metade do 3º ano científico.

Em seu tempo de estudante, em Montes Claros, trabalhou na Papelaria Nice, onde teve oportunidade de conviver com cartões postais, papéis coloridos e com a própria Nice David, que trocou com ele a sua experiência e sensibilidade artística, de onde, talvez, tenham nascido os seus famosos “gibis”.
Na metade do 3º ano científico, ganhou bolsa de estudos da SUDENE, que lhe possibilitava estudar o restante do curso em Salvador e cursar, depois, Engenharia Civil na universidade da mesma cidade. Assim, no final de julho de 1964, Raymundo Colares deixou Montes Claros, seguindo para a capital baiana, onde concluiu o Científico no Colégio Estadual da Bahia. E foi em Salvador, convivendo com toda aquela beleza natural e histórica, que ele descobriu a sua verdadeira vocação, ou seja, a pintura. Lá ele compôs as suas primeiras telas, numa série denominada “Alagados”. Entusiasmado, não chegou nem a fazer o vestibular. Em Fevereiro  de 1965, dispensou a bolsa e mudou-se para  o Rio de Janeiro, pois sabia ser ali o centro da cultura e da arte brasileira.

No Rio, para sobreviver, conseguiu um emprego de desenhista de jóias na Joalheria Hstern, onde permaneceu até Julho do mesmo ano, quando voltou a Montes Claros. Só em Janeiro de 66 retornou ao Rio, prestando vestibular para a Escola de Belas Artes, onde concluiu o primeiro ano, abandonando, em seguida, o curso, por entender que não era a melhor maneira de aprender Arte, preferindo, assim, fazer cursos livres e prosseguir nas suas pesquisas como autoditada, com Ivan Serpa. Em meados de 1966, juntou-se ao pessoal jovem que fazia parte da vanguarda brasileira, dentre eles Wanda Pimentel, Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Antônio Dias, Antônio Manuel, Lígia Pape, Hélio Oiticica, e muitos outros. Em abril de 1967, participou, junto a esses e outros artistas, no Museu de Arte Moderna, da mostra Nova Objetividade Brasileira. Ainda em 1967, participou da V Exposição de Arte Brasileira, ENBARJ e da Coletiva Galeria Contemporânea  de Campinas.

Naquela  época, ministrava cursos de Artes e Atelier Livre, lecionando também desenho em colégio de Niterói. Retornando da Itália em dezembro de 1973, e permanecendo em Montes Claros até 1981, Ray Colares pintou paisagens para sobreviver às dificuldades, que não eram poucas, quadros estes que eram vendidos a amigos, que até hoje  os guardam.

Na sua vontade de ser útil e servir a Montes Claros que tanto amava, aceitou convite de Dona Marina Lorenzo Fernândez para organizar um curso técnico de Decoração, no Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez, onde lecionou no período de 28 de fevereiro de 1976 a 31 de janeiro de 1979 as seguintes disciplinas: Pintura em Tela, Composição Artística, Desenho I e II, História das Artes e Artesanato.

Em 1981, retornou ao Rio de Janeiro, montando apartamento em Teresópolis. Em 1985, sofreu acidente no Rio, vindo a falecer, no ano seguinte, em Montes Claros, no dia 28 de março, em consequência de trágico acidente com cigarro, que incendiou a cama do Hospital Prontomente, onde se internara.
No ano de sua morte, 1986, foram realizadas três pequenas retrospectivas em sua homenagem. A primeira na Galeria Brasil-EUA-IBEU, em 25 de Junho, até 15 de Julho; a segunda na Galeria do Centro Empresarial Rio, de 07 de Junho até o dia  31, do mesmo mês, e, finalmente, a retrospectiva “Depoimento de uma Geração”, na Galeria do Banerj, em Julho. Em 9 de dezembro de 1987, foi selecionado com mais dezenove artistas  brasileiros, para mostra que houve em Paris, mostrando a arte brasileira, no século XX.
Ainda em 1987, foi feito pelo cineasta carioca Sérgio Wladymir Bernardes, um vídeo sobre a sua obra, denominado “Collares”, patrocinado pela Funart, Prefeitura Municipal de Montes Claros, Prefeitura Municipal de Grão Mogol, Secretaria de Estado de Cultura/MG e empresas privadas montes-clarenses e fluminenses, com especial apoio da poetisa, cronista e jornalista Raquel Mendonça, amiga pessoal do artista, que recebeu agradecimentos especiais nos créditos finais do filme-vídeo.
O belo Vídeo Arte “Collares” foi merecidamente premiado na China.

No dia  do 1º aniversário de sua morte, um grupo de  artistas montes-clarenses, tendo à frente a bailarina Ymma Martins e a escritora Raquel Mendonça, que deu texto ao Estatuto, criou a Fundação de Artes Ray Collares-FARC, que ganhou do ex-Prefeito de Montes Claros, Mário Ribeiro (irmão de Darcy Ribeiro), grande terreno no Bairro Ibituruna, para a edificação de sua sede. O extraordinário arquiteto e urbanista, além de artista plástico excepcional (escultor), saudoso Andrey Christoff, fez o belíssimo projeto da sede da FARC, que reuniria amplo teatro, Galeria de Artes, Sala Ray Colares, Museu da Imagem e do Som e outros espaços culturais, o que não se consolidou, porque a FARC não cercou o terreno em tempo hábil, previsto em lei, para que dele pudesse tomar posse, perdendo-o.
                                             
                                  ---------------------------------------------------

NOTA: Como membro-fundadora e ex-Presidente da FARC, lamentamos que a FARC tenha perdido o terreno doado por Marão, embora inúmeros eventos culturais tenham sido realizados no teatro-auditório (Sala Cândido Canela) do Centro Cultural Hermes de Paula pró-FARC, ou seja, para esse fim, - cercar o terreno e nele construir pequeno escritório de obras, o que teria garantido a posse do mesmo - com todos os custos dos eventos pró-FARC cobertos através de apoio financeiro ou patrocínio por nós sempre garantido junto a empresas locais, sem contar o compromisso firmado entre a FARC e grandes empresas da cidade para a doação de quantidades significativas de materiais de construção necessários às obras de edificação da sede da FARC, além dos famosos “Leilões da FARC”, para os quais colaboraram com doação de obras (pinturas, esculturas, etc) os maiores artistas plásticos da terra, além de nosso acervo pessoal de artes também doado para esse fim. No entanto, os recursos resultantes de todo o empenho em longo e árduo trabalho não foram, infelizmente, depositados na conta da FARC, para os devidos fins, pela pessoa que os recolhia. E a FARC se transformou, assim, num projeto que está longe, muito longe, da vida e da obra de Ray Collares, que a inspirou!...

O acervo documental e material da FARC foi por nós encaminhado ao Museu do Folclore, através do então Diretor de Patrimônio do Centro Cultural Hermes de Paula, Augusto Gonzaga, em 1986, quando respondíamos pela Secretaria Municipal Adjunta de Cultura de Montes Claros, atendendo a pedido de  Maria José Collares Moreira (Zezé Collares), que o dirigia e pretendia ali criar a “Sala Ray Collares”, acervo este ali recebido, conforme declaração nesse sentido, pela historiadora Martha Verônica Vasconcelos Leite, que trabalhava no Museu/UNIMONTES na ocasião.

Em 2005, coincidentemente quando estava sendo escolhido o nome do novo Secretário Municipal de Cultura de Montes Claros, e o nosso nome figurava com destaque em lista apresentada por artistas da terra ao prefeito eleito, cobraram-nos absurdamente “no Ministério Público”, - como se desconhecessem nosso endereço residencial, de trabalho e telefones e, de modo especial, os fatos - o material documental, ou seja, os “papéis documentais” da FARC, que se encontravam no Museu de Zezé, prima de Ray. Poderíamos, na ocasião, além de informar, como o fizemos, onde se encontrava o acervo da FARC, ter oferecido denúncia contra aquela senhora da diretoria da Fundação, quanto aos “papéis moeda” pertencentes à FARC e desviados, ou seja, todo o dinheiro reunido nos inúmeros eventos culturais pró-FARC e desaparecidos em conta e interesses (despesas) pessoais. Mas como é de nosso feitio, sempre que sofremos injúria, calúnia ou assédio moral, não fizemos nenhuma queixa ou denúncia contra ninguém, porque acreditamos que “o mal fica com quem faz ou fala, não com quem o recebe”.

Pena que a FARC não tenha passado de um sonho, um sonho imenso, muito bem desenhado e definido pelo grande Andrey! Mas outras, maiores e melhores homenagens, certamente virão ao grande e (e)terno artista e amigo Ray. Ele (somente ele) merece!...

Clique na Imagem para Ampliar
                                                                                 
                                                                                      

| TRANSLATE THIS PAGE |