quarta-feira, 27 de abril de 2016

CARIDADE SEM ALARDE

Quando Jesus disse “não saiba a vossa mão esquerda o que dá a direita”, ele falava sim, sobre o silêncio que deve revestir o ato de amor que cada um de nós pode fazer em relação a quem precisa de nossa ajuda. Mas ele dizia isso para pessoas que, individualmente e por iniciativa própria, podem ajudar o próximo sem nada esperar em troca. Isso porque, já naquela época de Jesus, 2 mil anos atrás, havia a atuação dos hipócritas, que se vangloriavam de fazer a caridade à frente de todo mundo, mas o faziam apenas para se promoverem ou para tirar alguma vantagem do bem que estavam fazendo.
Você sabe, que a caridade verdadeira não espera nenhum tipo de recompensa, a não ser a satisfação de ajudar ou a satisfação consigo mesmo. Essa prática não busca reconhecimento e nem aplauso de ninguém. Isto, repetimos, é valido para a ação pessoal, individual, de cada um de nós, no dia-a-dia de sua vida, seja em relação à caridade material ( quando damos dinheiro ou coisas a pessoas), seja em relação à caridade moral, ou seja, a capacidade de darmos amor às pessoas – atenção, apoio, solidariedade, compreensão ( principalmente as da nossa convivência diária), sem alardear nosso comportamento.

Quanto às associações de filantropia, principalmente as entidades religiosas, que fazem o bem em nome de Jesus – aquelas que se voltam ao atendimento da população mais carente - é claro que elas precisam aparecer; caso contrário, não poderão prestar o seu serviço de âmbito social, pois o que fazem não depende apenas de uma ou duas pessoas, mas de uma coletividade inteira, a que deve recorrer constantemente, pedindo ajuda. Quando a entidade faz divulga o seu trabalho é, portanto, no sentido de buscar apoio e colaboração, até porque a comunidade só vai se dispor a ajudar, se reconhecer que há seriedade e compromisso com o bem social.

Neste caso, para seguir o princípio estabelecido por Jesus, deve-se se esforçar no sentido de que apenas a instituição apareça e mostre o seu serviço, mas não as pessoas que nela prestam serviço, justamente para se evitar que essas pessoas sejam estimuladas na sua vaidade. Deve-se, portanto, dentro das possibilidades, fazer um esforço nesse sentido, se bem que não é fácil esconder o trabalho daqueles que realmente se dedicam ao próximo em obras assistenciais, porque eles normalmente aparecem, mesmo que não queiram. Veja, por exemplo, o trabalho de vulto da Madre Tereza de Calcutá, que se espalhou por todos os continentes. Querendo ou não, Madre Tereza teve de aparecer e se mostrar ao mundo.

Mas o que importa de fato é que ninguém se vanglorie a si mesmo em estar atuando numa causa de beneficência, mas que cada um dos trabalhadores voluntários das entidades leve isso a conta de uma missão de que está incumbido. A par disso, o que podemos concluir? Que os trabalhadores de boa vontade, que se dedicam a obras assistenciais, não saiam por aí proclamando “eu fiz isso, eu fiz aquilo”, ostentando-se diante das pessoas, promovendo-se em virtude de seu trabalho ou querendo tirar proveito do que fizeram para obter vantagens pessoais. Neste caso – ou seja, mesmo quando essas pessoas queiram se promover, é claro que temos de reconhecer que elas fizeram um bem, mas, se vivem se elogiando por isso, com certeza já receberam sua recompensa.

Contudo, este é um problema muito pessoal e delicado, que devemos tratar com cuidado e ponderação. Não é à sociedade ou à ninguém que cada um de nós vai prestar contas pelo que faz consigo mesmo; mas, sim, à sua própria consciência, onde está a Lei de Deus. Por isso, que cada um de nós se cuide para fazer o melhor que possa em favor de sua própria paz interior. Isso é que é importante. Para a instituição de caridade o que vale, de imediato, é atender a quem precisa, mas para o trabalhador voluntário o que deveria valer - se é que ele quer seguir os princípios morais de Jesus - é a conquista espiritual que se dá no silêncio de seu coração.

*Texto do programa "Momento Espírita", apresentado pela UNIRÁDIO AM 1060 Khz, edição de 04/08/2013.


" Se puderes, ajuda os outros.
  Se não o puderes fazer, ao
  menos não lhes faça mal."
 - Dalai Lama -

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